"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

O desafio do Islã - a esfinge da modernidade (Parte 05/06)


Desastrosas orquestrações norte-americanas

No contexto da bipolaridade e do confronto entre as duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, movimentos de caráter secularista, como o panarabismo de Nasser, receberam forte impulso, identificando-se vaga e impropriamente com o ideário socialista. Mas o fundamentalismo muçulmano não estava morto.
Ele ressurgiria com força, impulsionado tanto por fatores endógenos às sociedades em que se manifestava, como foi o caso da Revolução Islâmica no Irã, quanto pelo ostensivo patrocínio da administração norte-americana, como se deu com o Taliban afegão e a própria rede Al Qaeda, de Osama bin Laden. Agindo como o desastrado aprendiz de feiticeiro, que desencadeia forças que depois não consegue controlar, os estrategistas de Washington cometeram toda a sorte de desatinos em sua política para o Oriente Médio, das orquestrações que provocaram a queda do governo nacionalista de Mossadeg no Irã à sustentação do reinado de terror de Saddam Hussein no Iraque.
Sua mais imprudente ilusão, talvez, tenha sido acreditar que, promovendo o fundamentalismo, estariam colocando uma pedra no caminho dos russos e conquistando um dócil aliado para seu projeto hegemonista. A criatura obviamente se voltou contra o criador, com todas as conseqüências que presenciamos hoje.
Explorando o secular ressentimento produzido pela opressão colonialista e as maquinações das grandes potências, a humilhação resultante de quatro derrotas militares ante Israel e o vácuo ideológico decorrente do colapso do modelo soviético, o fundamentalismo configura-se, aos olhos dos segmentos menos cultos da população, especialmente de uma juventude carente de horizontes, como uma espécie de última esperança. Trágica opção, que só faz alimentar uma insana e infecunda espiral de violência. Quer motivada pela simples ignorância quer guiada por inconfessáveis compromissos econômicos e políticos, a grande mídia ocidental esmera-se em embaralhar o quadro, estendendo a pecha do fanatismo religioso ao conjunto da comunidade muçulmana.

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