"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Os intelectuais e o Estado (Parte 04/05)

Desenho de Portinari retratando Graciliano Ramos, 1937.
Rio de Janeiro (RJ). (Projeto Portinari/AFRH3061)

Romance Regionalista

Dá-se o nome de "romance regionalista" ou "romance de 30" a um conjunto de obras de ficção escritas no Brasil a partir de 1928, ano de publicação de A bagaceira, de José Américo de Almeida. Freqüentemente esses rótulos são associados ao romance nordestino, especialmente às obras de José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado. Mas o fenômeno é bem mais abrangente, e o romance regionalista inclui também a produção de autores como Érico Veríssimo, Marques Rebelo, Ciro dos Anjos, Lúcio Cardoso e Cornélio Pena.
O romance regionalista veio mostrar as contradições e conflitos de um Brasil que se queria moderno, urbano e industrializado, mas guardava também traços arcaicos em sua diversidade regional. O Brasil não era composto apenas de seus estados mais desenvolvidos ou de seus modernos centros urbanos em expansão. Havia também o campo, dominado por uma sociedade patriarcal em decadência, e, nas cidades, havia o homem comum, enfrentando problemas sociais. Assim como os autores da literatura proletária, os autores regionalistas tinham uma preocupação sociológica e documental, distinguindo-se dos modernistas com seu experimentalismo estético.
A temática agrária aparece no romance regionalista em obras que retratam o problema da seca, como O Quinze (1930), de Raquel de Queirós, e Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, ou a decadência dos engenhos de açúcar, como Menino de engenho (1932), Bangüê; (1934) e Usina (1936), de José Lins do Rego. Mas a temática urbana também é trabalhada nas obras de Jorge Amado, que contam histórias de Salvador, ou de Érico Veríssimo, como Clarissa (1933) e Caminhos cruzados (1935).

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