O desafio do Islã - a origem (Parte 06/07)
Al Masjid Al-Haram, em Meca,
considerada o maior centro de peregrinação do mundo
A Cidade do Profeta - Tendo encontrado no caminho a caravana de um primo de Abu Bakr, que regressava da Síria, Muhammad e seu companheiro haviam recebido de presente roupas brancas, de tecido fino, que se destacavam contra o solo negro, de lava vulcânica, que compunha o cenário. Foi um judeu das cercanias de Yathrib o primeiro a avistá-los. Logo toda a multidão de muçulmanos que habitava o local correu ao seu encontro. A tradição adornou esse momento, atribuindo ao profeta palavras eloqüentes. Dirigindo-se aos seus admiradores, ele teria dito: "Ó gente! Dirigi, uns aos outros, saudações de paz; dai de comer aos famintos; honrai os vínculos de parentesco; orai durante as horas em que os homens dormem. Assim, entrareis em paz no Paraíso".
Retido pela população dos arrabaldes, que não se cansava de homenageá-lo, Muhammad permaneceu três dias nas cercanias de Yathrib, que se impacientava para vê-lo. Depois, acompanhado por Abu Bakr e uma centena de partidários, e montando sua camela Qaswa, cavalgou em direção à cidade. À direita e à esquerda, com armaduras e espadas em punho, ginetes das tribos de Aws e Jazrach formavam a guarda de honra. Homens, mulheres e crianças, postados ao longo do caminho, saudavam a impressionante comitiva com o grito de "Chegou o profeta de Deus!". O triunfo da entrada em Yathrib, que passaria a se chamar Madinat-al-Nabi (Cidade do Profeta) ou simplesmente Medina (Cidade), dão uma idéia da importância política do acontecimento.
Ao deixar Meca, Muhammad já havia tido suas mais decisivas experiências místicas e transmitido os fundamentos do Islã. Mas, oprimidos pela aristocracia mequense, os muçulmanos ainda estavam na defensiva. Em Medina, a situação se inverteu. A cidade colocou-se sob a direção do profeta, que deixou de ser apenas um instrutor espiritual para se tornar também um chefe político e militar. A constituição que ditou, estabelecendo a convivência harmoniosa entre as tribos locais, os imigrantes islâmicos e a numerosa comunidade judaica, autorizada a praticar sua religião, é considerada uma obra de extraordinária perspicácia política. De Medina, Muhammad partiu para a conquista de Meca e a unificação de toda a Arábia.
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