Platão (Parte 01/05)
O ETERNAMENTE VERDADEIRO, ETERNAMENTE BELO E ETERNAMENTE BOM
No início deste nosso curso de filosofia, eu lhe disse que o interessante é perguntar pelo projeto de determinado filósofo. Nesse sentido, o que será que Platão queria investigar?
Para resumir em poucas palavras: Platão interessava-se pela relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável, e aquilo que, de outro, “flui”. (Exatamente como os pré-socráticos, portanto!)
Dissemos que os sofistas e o próprio Sócrates haviam se afastado das questões da filosofia natural e se interessado mais pelo homem e pela sociedade. E isto está absolutamente certo. Mas também Sócrates e os sofistas ocupavam-se de certa forma com a relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável, e aquilo que, de outro, “flui”. E tocavam neste ponto quando se tratava da moral do homem e dos ideais ou virtudes da sociedade. De modo muito geral, os sofistas achavam que a questão sobre o que era certo e errado modificava-se de cidade-Estado para cidade-Estado e de geração para geração. Para eles, portanto, essa questão de certo ou errado era “algo que fluía”. Sócrates não podia aceitar isto. Ele acreditava em regras ou normas eternas, que governavam o agir dos homens. Se usarmos apenas a nossa razão – dizia ele -, poderemos reconhecer todas essas normas imutáveis, pois a razão humana é precisamente algo eterno e imutável.
Você está acompanhando, Sofia? E agora vem Platão. Ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável na natureza quanto pelo que é eterno e imutável na moral e na sociedade. Sim… para Platão tratava-se, em ambos os casos, de uma mesma coisa. Ele tentava entender uma “realidade” que fosse eterna e imutável. E, para ser franco, é para isto que os filósofos existem. Eles não estão preocupados em eleger a mulher mais bonita do ano, ou os tomates mais baratos do fim de feira. (E exatamente por isso nem sempre são vistos com bons olhos!) Os filósofos não se interessam muito por essas coisas efêmeras e cotidianas. Eles tentam mostrar o que é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e “eternamente bom”.
Com isto podemos ter uma vaga idéia dos contornos do projeto filosófico de Platão. A partir de agora vamos tratar de um ponto de cada vez. Vamos tentar entender um raciocínio extraordinário, que deixou marcas profundas em toda a filosofia européia surgida depois.
Extratos da obra de GAARDER, Jostein.
O Mundo de Sofia. Romance da História da Filosofia.
São Paulo: Cia das Letras, 1996.
11 de janeiro de 2021 às 22:24
Muito bom parabéns excelente trabalho ótimas dicas